Aproveitando mais um fim de semana prolongado, lá saí para mais um passeio.
A ansiedade por este dia era muita. A carga emotiva nela contida, também. Talvez por ser o meu primeiro verdadeiro passeio a solo, talvez por possivelmente ser o meu último passeio por Angola, talvez por finalmente ir fazer trilhos e visitar sítios à muito ambicionados ou talvez porque sou assim.
Como de costume, não começou bem. Problemas com a Burra, por estar à muito tempo, recusou-se a andar. Nada que uma bateria nova não resolve-se. Mas foi o suficiente para atrasar a partida. Como também já bem sendo habitual e pelos mesmos motivos, comecei por fazer o percurso no sentido inverso ao programado.
1º dia
Começou a viagem às 11 da manhã. Como o previsto era fazer 220 Km, e com a possibilidade de os fazer todos por estrada alcatroada, ia mais que a tempo. 130 Km até ao Dondo ( como me custa fazer esta estrada…) e uma paragem para o mata bicho. E durante o mata bicho, a decisão: são 80 a 90 Km até Calulo. Quer pela picada quer pela estrada boa. Decisão fácil … picada. Os primeiros 45 e cinco Km foram fáceis de fazer. Picada muito larga e a piorar a cada Km que passava. Mas como estava fresco e cheio de vontade, é só andar. Na altura de fazer um desvio, uma placa com a indicação CABUTA 38 KM CALULO 56 Km. Achei melhor perguntar. – “Para Calulo? É por aqui?” –“ Humm!” – “E a picada é boa?” – “ Humm! Até Cabuta é um bocado má mas a mota passa bem. Depois até Calulo é asfalto”. Lá fui eu. Primeiros oito Km nada mal. Média de 40, mas afinal a ideia era ver…

Começa bem… pensei eu…

As vistas eram fantásticas.

Mas não podia ficar aqui o dia todo. À que seguir viagem …
E aqui é que começa a história do dia … Os restantes 30 Km até Cabuta, demoraram apenas 3 horas. Com duas quedas pelo caminho, 500 Khz de gasosa a uns aldeões para ajudar a por a mota em pé, um esgotamento físico (benditas barritas energéticas). O pior percurso que alguma vez vi. Mesmo para numa verdadeira burra era complicado, quanto mais nesta. Foram 30 Km de subidas e descidas íngremes, muito íngremes, com sulcos cavados pela água chegando a 3 e 4 paralelamente, outros a cruzar, profundidades que chegavam a 30/40 cm. E tudo isto numa largura em que não passava um carro. Para se ter uma ideia da dificuldade que senti, apenas tirei fotos quando vi alcatrão. Sim … alcatrão. Porque o asfalto era isto. Embora nada que se parecesse com o percurso até Cabuta, mas mesmo assim o “asfalto” não era de primeira.
Resumindo cheguei quase às 18 horas ao hotel. Fiz o registo do quarto, e nem o fui ver… Fui para a esplanada, sentei-me e recompus-me. Com… 3 Lourinhas bem geladinhas, um prato de moelas e uma coisa a imitar piza (era o que havia) enquanto apreciava as exibições dos locais ao motoqueiro de fora nas suas moto chinesas e na companhia as dores de todos os músculos do meu corpo.