quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Depois dos 240 Km do dia anterior e já recomposto, lá me levantei cedinho para aproveitar o dia e chegar cedo ao destino. O dia não se afigurava fácil, mas também não parecia nada de outro mundo. Graças à experiência do dia anterior, optei por fazer o primeiro percurso pela estrada. A picada lá teria que esperar. Afinal previa mais de 400 Km para esta jornada e não era nada bom ter uma média como a do dia anterior.


Uma das vistas de Calulo do cimo do forte.


À entrada do forte

Assim sendo, lá fui até Quibala pelo alcatrão … teve que ser. 120 Km sem história. Em Quibala apenas queria ver o forte. Por diversas vezes lá passei e nunca consegui lá ir. Embora pertença ao exercito Angolano, nada que um bom pedido ( sem gasosa) não resolva. Só nos apercebemos de que é um forte, visto de fora. Lá em cima é preciso muita imaginação para visualizar um forte naquele lugar. Mas as vistas compensam a subida.







Cumprido o primeiro objectivo, era altura de me meter na picada. 140 Km de picada. A primeira parte até Cariango, já tinha feito com o amigo Gonçalo, sempre a andar. Nada de especial, nem para ver. Em Cariango, parei para descansar e me informar sobre o que me esperaria. O único verdadeiro contacto do dia com população local. E para azar, perdi as fotos todas. Não me perguntem como…. O engraçado é a resposta à pergunta “Daqui até Mussende quantos Km são?” Obtive respostas desde 45 até 95 Km passando por um par de diferentes respostas.
Infelizmente, talvez provocado pelo cansaço, todos os registos fotográficos que tirei a partir de Cariango, perdi-os. Assim fica a apenas a indicação de que foram 95 Km de picada muito má mais 130 Km de estrada de terra com bocadinhos de alcatrão. Até Malange.
A única que sobrou...

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Aproveitando mais um fim de semana prolongado, lá saí para mais um passeio.
A ansiedade por este dia era muita. A carga emotiva nela contida, também. Talvez por ser o meu primeiro verdadeiro passeio a solo, talvez por possivelmente ser o meu último passeio por Angola, talvez por finalmente ir fazer trilhos e visitar sítios à muito ambicionados ou talvez porque sou assim.
Como de costume, não começou bem. Problemas com a Burra, por estar à muito tempo, recusou-se a andar. Nada que uma bateria nova não resolve-se. Mas foi o suficiente para atrasar a partida. Como também já bem sendo habitual e pelos mesmos motivos, comecei por fazer o percurso no sentido inverso ao programado.
1º dia
Começou a viagem às 11 da manhã. Como o previsto era fazer 220 Km, e com a possibilidade de os fazer todos por estrada alcatroada, ia mais que a tempo. 130 Km até ao Dondo ( como me custa fazer esta estrada…) e uma paragem para o mata bicho. E durante o mata bicho, a decisão: são 80 a 90 Km até Calulo. Quer pela picada quer pela estrada boa. Decisão fácil … picada. Os primeiros 45 e cinco Km foram fáceis de fazer. Picada muito larga e a piorar a cada Km que passava. Mas como estava fresco e cheio de vontade, é só andar. Na altura de fazer um desvio, uma placa com a indicação CABUTA 38 KM CALULO 56 Km. Achei melhor perguntar. – “Para Calulo? É por aqui?” –“ Humm!” – “E a picada é boa?” – “ Humm! Até Cabuta é um bocado má mas a mota passa bem. Depois até Calulo é asfalto”. Lá fui eu. Primeiros oito Km nada mal. Média de 40, mas afinal a ideia era ver…

Começa bem… pensei eu…

As vistas eram fantásticas.

Mas não podia ficar aqui o dia todo. À que seguir viagem …

E aqui é que começa a história do dia … Os restantes 30 Km até Cabuta, demoraram apenas 3 horas. Com duas quedas pelo caminho, 500 Khz de gasosa a uns aldeões para ajudar a por a mota em pé, um esgotamento físico (benditas barritas energéticas). O pior percurso que alguma vez vi. Mesmo para numa verdadeira burra era complicado, quanto mais nesta. Foram 30 Km de subidas e descidas íngremes, muito íngremes, com sulcos cavados pela água chegando a 3 e 4 paralelamente, outros a cruzar, profundidades que chegavam a 30/40 cm. E tudo isto numa largura em que não passava um carro. Para se ter uma ideia da dificuldade que senti, apenas tirei fotos quando vi alcatrão. Sim … alcatrão. Porque o asfalto era isto. Embora nada que se parecesse com o percurso até Cabuta, mas mesmo assim o “asfalto” não era de primeira.
Resumindo cheguei quase às 18 horas ao hotel. Fiz o registo do quarto, e nem o fui ver… Fui para a esplanada, sentei-me e recompus-me. Com… 3 Lourinhas bem geladinhas, um prato de moelas e uma coisa a imitar piza (era o que havia) enquanto apreciava as exibições dos locais ao motoqueiro de fora nas suas moto chinesas e na companhia as dores de todos os músculos do meu corpo.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Aproveitando o fim de semana prolongado, visto que sexta feira 17 de Setembro foi


feriado, chegou a altura de dar mais um passeio. Este serviu também como rampa de lançamento para a grande viagem do meu companheiro de passeios.
Visto que o destino imediato dele fica a sul, lá fizemos nós o passeio para sul.
1º dia destino - Huambo. Ao contrário do normal, desta vez foi quase só alcatrão. Apenas uma paragem para umas fotos para nos relembrar que a guerra, cada vez mais longínqua, passou por aqui.

Na primeira noite, ficamos em casa de uma empresa Portuguesa, onde não gastamos tostão, em refeições e dormidas. Um tratamento de luxo.







No segundo dia o destino foi Benguela. Mais uma vez apenas alcatrão. Muito alcatrão. É bom verificar que mesmo com a crise este país não está parado. Os caminhos que fiz à dois anos em picada, eram agora um tapete de asfalto novinho. Apenas uns "míseros" 30 Km de picada no meio do percurso. Não se pode ter tudo. E na picada, uma paragem. É fácil perceber porquê.


Processo de fazer fuba para confecionar o prato tradicional de Angola. O funge.

Bater as sementes para fazer a farinha.


Espalha-las ao sol para secar.


Repetindo o processo até ficar no ponto.


Uma menina que brinca junto à sua mãe enquanto esta trabalho.



Depois, mais alcatrão.

Chegados a Benguela e já de barriga cheia, dirigimo-nos para o local onde esperávamos acampar. A praia da Caotinha. Para quem sempre me tentou meter medo em relação a trazer a moto para Angola, esta viagem foi a prova de que quem tinha razão era EU. Ainda escolhíamos o sítio para acampar, fomos interpelados por um grupo que ali ao lado se encontrava. “Vão acampar aqui?” – “A ideia é essa.” - ” Então ponham as motos ali em casa que estão mais seguras.” “ Ok. Obrigado.” - “E já agora, escusam de acampar. Há colchões lá dentro, dormem em casa.”


Vista panoramica da praia da Caotinha.

Um tratamento 5 estrelas. Convidaram-nos para o jantar, foi como se fossemos amigos à uma eternidade.
São dias como este que viciam as pessoas nas viagens de moto. Ainda por cima com paisagens destas.

Depois, lá me despedi do meu companheiro de viagem. Ele lá seguiu o seu rumo com destino à aventura, e eu, um bocado invejosamente claro, regressei a Luanda, mas já a imaginar e a preparar a próxima.


A minha Burra. Também tem direito à fotografia e ao descanço.


Última paragem. Sumbe. Uma paisagem natural magnífica. E um excelente local para esticar as pernas.

sábado, 10 de julho de 2010

Kuanza Sul

Lá chegou o dia do primeiro grande passeio por terras de Angola. Um passeio de sonho. 1ª Etapa, Luanda-Malange. 400 Km, 160 dos quais em picada, passando por Pungo Angongo para ver as pedras negras. No segundo dia virar em direcção a sul em direcção ao Kuito. 457 km completamente desconhecidos. A ideia, passar pelos parques naturais onde existe (dizem) a Palanca Negra. Um milagre ver uma, mas isto é Angola... No terceiro dia, virar para Norte em direcção a Calulo. 454 Km também completamente desconhecidos, muita picada. No último dia apenas uma viagem de ligação de Calulo a Luanda, uma tirada em alcatrão com 250 Km. Era o descanso do Guerreiro e suas Burras.
Bom... Isto eram os planos... E isto o que aconteceu...
primeiro dia. Saída, 13 horas. Já não íamos passar por Pungo Andongo. Passavam a ser 400 Km em alcatrão. E parte da viagem de noite. Mas ...

Resumindo. Primeiros 50 KM, 1º furo. Tentar arranjar, mudar de câmara de ar, também esta furou, duas viagens para traz do meu colega, (sim, porque não ia sozinho) e uma câmara de ar chinesa, e de carro. Pneu montado já de noite, e siga viagem. Confesso que já ia desanimado. Os planos foram alterados, íamos fazer o percurso ao contrario. Acabava por já não ser um dia mau de todo. É claro que só chegamos a Calulo ás 10 da noite, mas chegamos. No dia seguinte o plano era fazer Calulo Mussende em picada, e depois Mussende Kuito... E isto foi o que aconteceu...

...mais isto...

Vêm aquele caminho? Foi por onde fomos. Mas não era o percurso que queríamos. Esse não dava para fazer, não havia ponte, tinha caído. Tivemos que ir pela alternativa, para sul. Mas o objectivo ainda era Mussende.
Quando o soba da aldeia nos indicou o caminho, ficamos de boca aberta. Onde nos íamos meter? Mas como era isto que procurávamos, cá vai disto. Foram só 3 horas por um caminho que tinha desaparecido, cursos de água, cursos de lama, alguns tombos, e muito cansaço. Mesmo muito. Quando acabou o caminho, chegamos a uma aldeia onde fomos muito bem recebidos.

Seguimos viagem e um tombo mais mal dado, danos mais ou menos graves do meu companheiro de viagem e mais uma mudança de planos...O objetivo era agora chegar à Gabela, um local para passar a noite, e depois seguir para Luanda. O passeio ia ser encurtado.
Só que no dia seguinte, e depois de verifivcarmos que a mota até aguentava, toca a fazer o caminha mais comprido para Luanda. E aqui fica uma pequena amostra do que foi esse dia..









Foi apenas de longe o melhor dia em cima da minha Burra. E o dela também. de certeza. Quando cheguei ao alcatrão do Sumbe, tive uma enorme vontade de voltar para traz e fazer tudo de novo. Para nunca mais esquecer.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010


Muita água passou debaixo da ponte desde que escrevi a minha primeira mensagem aqui neste blogue. Também muito aconteceu desde esse dia. Já fui e vim a Portugal, já tenho a mota pronta, e muitos planos prontos. Ou melhor… estavam. Já sofreram alterações uma data de vezes.
Quanto mais voltas dou, mais voltas quero dar.
Desde que a burra chegou, que tenho acumulado experiências e aventuras. Não que sejam aventuras épicas ou de constar nos livros. Mas como andar por essa Angola fora já por si só é uma aventura, então andar de moto nas picadas e sozinho pode-se considerar mesmo uma verdadeira aventura.
A primeira volta foi aqui à volta de do estaleiro. 100 Km que me ensinaram mais que os milhares que fiz em Portugal.
A 1ª lição acho que foi a mais importante. Ainda bem que não trouxe a Burra pela Africa do Sul, como tinha programado fazer. Não sei como me ia aguentar. Tenho muito que aprender no que diz respeito a andar pelas picadas (não tem nada a ver com a minha “pequena” CRF), então na areia…
A 2ª lição, e também muito importante, foi o que a experiência ganha-se com o tempo, não nasce connosco, por muito que se projectem as coisas,
A 3ª lição é simples. Ou ganho verdadeira resistência, ou motas e picadas só na PlayStation.
E tudo isto porquê?
Foram 100 Km metade dos quais em picada, e garanto que se o caminho de regresso a casa fosse igual ao da ida, não sei onde ía buscar forças. Duvido que chegasse a casa. Para já areia era sinónimo de ir ao chão. E depois a cada metro que andava a montada aumentava de peso. No fim pesava toneladas.
Mas uma coisa é certa. A vontade e o gosto também aumentavam. E de forma exponencial.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O começo

Nesta fase da minha vida, a solidão de estar sozinho (a nível familiar) em Angola, assim como o meu gosto por motos e passeios fora de estrada, levou-me a projectar viagens e aventuras em Africa. A ideia inicial era a de levar uma moto para ocupar os tempos livres. Enquanto esperava, enquanto fui viajando por Angola, enquanto fui á Africa do Sul, o gosto e vontade de conhecer mais foi crescendo. E existe melhor para se apreciar a viagem que uma moto?.. Não conheço e duvido que exista.
Para azar, ou se calhar sorte, não consegui enviar a moto que queria para Angola. Então por necessidade, ou então com essa desculpa, lá me convenci a trocar de moto e comprar uma que faz parte do imaginário de qualquer aspirante a viajante, e parte do meu sonho á bastante tempo. Uma BMW. A escolha da marca foi feita muito rapidamente. Tinha que ser uma BMW. O modelo…… isso é que era mais difícil. Podia ser uma 1100 GS, uma 1150 GS uma 1200 GS , Adventure de certeza, uma 800GS… correcção. Uma F800GS, possivelmente. Como dizia alguém de um fórum que tenho lido e me ajudou a escolher, uma F”antastica”800GS Então com adaptações para a transformar em GSA… é mesmo isso. Vai ser uma F800GS”A”. Mais um difícil processo de escolha, a cor, Blá! Blá! Blá! Amarela ou cinzenta, Blá! Blá! Blá! Cinzenta. Comprei a cinzenta.
Assim sendo neste momento sou um feliz e babado e orgulhoso proprietário de uma fantástica BMW F800GS.