sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Aproveitando o fim de semana prolongado, visto que sexta feira 17 de Setembro foi


feriado, chegou a altura de dar mais um passeio. Este serviu também como rampa de lançamento para a grande viagem do meu companheiro de passeios.
Visto que o destino imediato dele fica a sul, lá fizemos nós o passeio para sul.
1º dia destino - Huambo. Ao contrário do normal, desta vez foi quase só alcatrão. Apenas uma paragem para umas fotos para nos relembrar que a guerra, cada vez mais longínqua, passou por aqui.

Na primeira noite, ficamos em casa de uma empresa Portuguesa, onde não gastamos tostão, em refeições e dormidas. Um tratamento de luxo.







No segundo dia o destino foi Benguela. Mais uma vez apenas alcatrão. Muito alcatrão. É bom verificar que mesmo com a crise este país não está parado. Os caminhos que fiz à dois anos em picada, eram agora um tapete de asfalto novinho. Apenas uns "míseros" 30 Km de picada no meio do percurso. Não se pode ter tudo. E na picada, uma paragem. É fácil perceber porquê.


Processo de fazer fuba para confecionar o prato tradicional de Angola. O funge.

Bater as sementes para fazer a farinha.


Espalha-las ao sol para secar.


Repetindo o processo até ficar no ponto.


Uma menina que brinca junto à sua mãe enquanto esta trabalho.



Depois, mais alcatrão.

Chegados a Benguela e já de barriga cheia, dirigimo-nos para o local onde esperávamos acampar. A praia da Caotinha. Para quem sempre me tentou meter medo em relação a trazer a moto para Angola, esta viagem foi a prova de que quem tinha razão era EU. Ainda escolhíamos o sítio para acampar, fomos interpelados por um grupo que ali ao lado se encontrava. “Vão acampar aqui?” – “A ideia é essa.” - ” Então ponham as motos ali em casa que estão mais seguras.” “ Ok. Obrigado.” - “E já agora, escusam de acampar. Há colchões lá dentro, dormem em casa.”


Vista panoramica da praia da Caotinha.

Um tratamento 5 estrelas. Convidaram-nos para o jantar, foi como se fossemos amigos à uma eternidade.
São dias como este que viciam as pessoas nas viagens de moto. Ainda por cima com paisagens destas.

Depois, lá me despedi do meu companheiro de viagem. Ele lá seguiu o seu rumo com destino à aventura, e eu, um bocado invejosamente claro, regressei a Luanda, mas já a imaginar e a preparar a próxima.


A minha Burra. Também tem direito à fotografia e ao descanço.


Última paragem. Sumbe. Uma paisagem natural magnífica. E um excelente local para esticar as pernas.

sábado, 10 de julho de 2010

Kuanza Sul

Lá chegou o dia do primeiro grande passeio por terras de Angola. Um passeio de sonho. 1ª Etapa, Luanda-Malange. 400 Km, 160 dos quais em picada, passando por Pungo Angongo para ver as pedras negras. No segundo dia virar em direcção a sul em direcção ao Kuito. 457 km completamente desconhecidos. A ideia, passar pelos parques naturais onde existe (dizem) a Palanca Negra. Um milagre ver uma, mas isto é Angola... No terceiro dia, virar para Norte em direcção a Calulo. 454 Km também completamente desconhecidos, muita picada. No último dia apenas uma viagem de ligação de Calulo a Luanda, uma tirada em alcatrão com 250 Km. Era o descanso do Guerreiro e suas Burras.
Bom... Isto eram os planos... E isto o que aconteceu...
primeiro dia. Saída, 13 horas. Já não íamos passar por Pungo Andongo. Passavam a ser 400 Km em alcatrão. E parte da viagem de noite. Mas ...

Resumindo. Primeiros 50 KM, 1º furo. Tentar arranjar, mudar de câmara de ar, também esta furou, duas viagens para traz do meu colega, (sim, porque não ia sozinho) e uma câmara de ar chinesa, e de carro. Pneu montado já de noite, e siga viagem. Confesso que já ia desanimado. Os planos foram alterados, íamos fazer o percurso ao contrario. Acabava por já não ser um dia mau de todo. É claro que só chegamos a Calulo ás 10 da noite, mas chegamos. No dia seguinte o plano era fazer Calulo Mussende em picada, e depois Mussende Kuito... E isto foi o que aconteceu...

...mais isto...

Vêm aquele caminho? Foi por onde fomos. Mas não era o percurso que queríamos. Esse não dava para fazer, não havia ponte, tinha caído. Tivemos que ir pela alternativa, para sul. Mas o objectivo ainda era Mussende.
Quando o soba da aldeia nos indicou o caminho, ficamos de boca aberta. Onde nos íamos meter? Mas como era isto que procurávamos, cá vai disto. Foram só 3 horas por um caminho que tinha desaparecido, cursos de água, cursos de lama, alguns tombos, e muito cansaço. Mesmo muito. Quando acabou o caminho, chegamos a uma aldeia onde fomos muito bem recebidos.

Seguimos viagem e um tombo mais mal dado, danos mais ou menos graves do meu companheiro de viagem e mais uma mudança de planos...O objetivo era agora chegar à Gabela, um local para passar a noite, e depois seguir para Luanda. O passeio ia ser encurtado.
Só que no dia seguinte, e depois de verifivcarmos que a mota até aguentava, toca a fazer o caminha mais comprido para Luanda. E aqui fica uma pequena amostra do que foi esse dia..









Foi apenas de longe o melhor dia em cima da minha Burra. E o dela também. de certeza. Quando cheguei ao alcatrão do Sumbe, tive uma enorme vontade de voltar para traz e fazer tudo de novo. Para nunca mais esquecer.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010


Muita água passou debaixo da ponte desde que escrevi a minha primeira mensagem aqui neste blogue. Também muito aconteceu desde esse dia. Já fui e vim a Portugal, já tenho a mota pronta, e muitos planos prontos. Ou melhor… estavam. Já sofreram alterações uma data de vezes.
Quanto mais voltas dou, mais voltas quero dar.
Desde que a burra chegou, que tenho acumulado experiências e aventuras. Não que sejam aventuras épicas ou de constar nos livros. Mas como andar por essa Angola fora já por si só é uma aventura, então andar de moto nas picadas e sozinho pode-se considerar mesmo uma verdadeira aventura.
A primeira volta foi aqui à volta de do estaleiro. 100 Km que me ensinaram mais que os milhares que fiz em Portugal.
A 1ª lição acho que foi a mais importante. Ainda bem que não trouxe a Burra pela Africa do Sul, como tinha programado fazer. Não sei como me ia aguentar. Tenho muito que aprender no que diz respeito a andar pelas picadas (não tem nada a ver com a minha “pequena” CRF), então na areia…
A 2ª lição, e também muito importante, foi o que a experiência ganha-se com o tempo, não nasce connosco, por muito que se projectem as coisas,
A 3ª lição é simples. Ou ganho verdadeira resistência, ou motas e picadas só na PlayStation.
E tudo isto porquê?
Foram 100 Km metade dos quais em picada, e garanto que se o caminho de regresso a casa fosse igual ao da ida, não sei onde ía buscar forças. Duvido que chegasse a casa. Para já areia era sinónimo de ir ao chão. E depois a cada metro que andava a montada aumentava de peso. No fim pesava toneladas.
Mas uma coisa é certa. A vontade e o gosto também aumentavam. E de forma exponencial.